Reino de Deus, cultura e reforma

Este projeto chamado Cultural R está baseado na visão a seguir. É a partir desta visão que desenvolvemos nossos projetos e atuamos.

Do que se trata este artigo, resumo ou compilar de ideias?

Bem, há uma visão bíblica que foi perdida há muito tempo. Esta visão ou leitura bíblica não é algo novo, mas com muita influência grega acabou se perdendo e impedindo que muitos cristão vivessem um evangelho verdadeiro em todas as áreas de suas vidas.

Muitos cristão tem vivido uma vida na qual há separação de tudo. Há o sagrado e secular, há o mundo aqui na terra e há o que virá, há o culto na igreja e há o meu trabalho. Cristãos tem vivido uma vida dupla na qual são crentes no domingo, mas não conseguem ser crentes na segunda-feira no seu trabalho.

Nós temos milhares de cristãos que receberam a Cristo como seu Senhor e salvador. Entretanto, nós não conseguimos ver uma transformação cultural. O mundo parece explodir no nosso quintal e não conseguimos fazer nada. Parece que o nossa persistência em ir aos cultos não tem gerado efeito. Pessoas são salvas, mas o mundo em que vivemos não é transformado. O que está acontecendo?

Bem, muitos líderes têm compreendido a necessidade de voltarmos para o que podemos chamar de um evangelho do Reino de Deus. Somente a visão de Reino é que pode fazer com que de fato, tudo seja transformado para melhor. Se partirmos dessa visão de Reino, começaremos a compreender que há um modelo, há um padrão estabelecido por Deus desde a criação e que vai até a eternidade, ou seja, uma era sem fim. Com isso, podemos agir de forma a impactar a cultura. A cultura que permeia a sociedade está sendo vivida e desenvolvida sem uma perspectiva de Reino, por isso não conseguiremos impactá-la de uma maneira positiva. “Seja feita a tua vontade aqui na terra como no céu”. Esta cultura atual que está adiante de nós não é a cultura deixada por Deus para vivermos a nossa vida. Diante disso, precisamos não de uma transformação cultural, mas de uma reforma que traga novamente os padrões de Deus estabelecidos desde a criação e que deve seguir até a eternidade.

Este artigo, ou defesa desta perspectiva, visa discorrer acerca desses três aspectos: Reino de Deus; Cultura; Reforma. A ideia geral que quero discorrer é como eu e muitos líderes compreendem o que significa o Reino de Deus e como agir por intermédio dessa perspectiva nos nossos dias. Da mesma maneira, busco responder o que é cultura e como podemos impactá-la positivamente. Por fim, qual é a ideia de reforma, ou seja, como podemos redimir a cultura para Deus. É possível que os conceitos estejam mesclados nessas três ideias. Eu acredito que são três passos que andam juntos. Isto, porque não posso ter uma visão de Reino sem colocá-la em prática. Da mesma maneira, entender que a cultura está desfigurada quando comparada ao plano original, não vai gerar efeito ao menos que possamos com uma visão de Reino gerar uma reforma aos padrões bíblicos.

O que entendemos como O Reino de Deus?

Não é possível explicar de uma maneira resumida. Além do mais, é bem possível que nos apoiemos em outros conceitos dos quais não são bem compreendidos nos dias atuais. Então, vamos juntos construir um argumento.

Gordon Fee descreve que a perspectiva do Reino de Deus capta a essência do ministério de Jesus. Para ele, se alguém não entender a questão do Reino de Deus, não entenderá Jesus. Assim, se você perder o Reino de Deus e o que isso significa, você de forma absoluta não entendeu Jesus de Nazaré. Essa é a questão essencial.

Algo relacionado a isso é que a lente que lemos a palavra de Deus parte de uma visão política socialista, capitalista, de direita, republicana, democrática, presidencialista etc. Com isso, sofremos em compreender a questão do Reino de Deus.

Bem, a questão do Reino de Deus é debatida há algum tempo e de fato há algumas perspectivas não somente acerca do seu significado em si, mas principalmente quando ele acontecerá. Alguma das perguntas ou afirmações que podemos fazer são:

  • esse é um reinado, mas ele é físico ou espiritual?
  • ele já aconteceu, está acontecendo ou ainda acontecerá?
  • O seu rei é Jesus.
  • Este reinado é para vivermos nesta terra ou em outro lugar?
  • É para esse tempo ou para outro tempo?
  • Temos alguma autoridade sobre esse reino?
  • Nosso tempo aqui na terra tem alguma coisa a ver com este reino?

O plano celestial trata a respeito daquilo que Deus estabeleceu como o seu plano.

Nós precisamos entender que nós estamos aqui para cooperar com aquilo que Cristo está fazendo. TUDO que acontece e que aconteceu faz parte de um plano com começou lá na criação e que continua pela eternidade, uma era sem fim.

Lá em Lucas 24:13 em diante nós vemos um pouco desse entendimento por intermédio de Jesus. Ao falar com aqueles discípulos, Jesus começa por Moises (Lucas 24:27) “E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.”

O que vemos aqui neste exemplo é que na verdade há um plano celestial. Há um plano estabelecido pela trindade e que este plano está descrito nas escrituras em todas as partes.

Ao olharmos o evangelho de João, por exemplo, podemos identificar inúmeras vezes em que o que acontece representa algo já estabelecido anteriormente pela palavra em alguma profecia.

Há um plano que começa no coração de Deus ao qual fazemos parte. Inclusive, precisamos entender que Deus conta conosco para que este plano aconteça.

As parábolas dos talentos e das minas (Mateus 25 e Lucas 19) exemplificam isso quando fala de um senhor que será coroado rei e volta para prestar conta com relação aquilo que foi feito por seus servos. Da mesma maneira será Jesus quando voltar. Nós prestaremos conta ao Rei a respeito do trabalho ao qual nos confiou.

Diante disso, eu quero fazer parte desse plano cumprindo exatamente o que ele me pediu para fazer, mas não apenas fazer, mas fazer da melhor maneira possível. Ser responsável e diligente.

Este plano é um plano que aponta para o reinado de Cristo, para a sua volta e para que isso aconteça devemos usar nossos dons, talentos e habilidades em favor de Cristo com uma perspectiva do reino.

Se eu estou confiante desse plano e trabalho por ele, minha vida de fato tem sentido. Agora, aquilo para o qual eu estava “meio que perdido” já começa a tomar corpo, pois compreendo que não trabalho em vão, mas tudo que eu faço visa cooperar com Cristo e o seu Reino.

Quando tratamos da existência de um plano celestial, precisamos compreender como isso se dá. Isso, porque muitos acreditam que não temos muita influência nos dias atuais e que devemos apenas viver nossa vida aqui, buscando levar pessoas a Cristo e aguardar a sua volta, para que aí, sim, tenhamos uma morada no seu Reino juntamente com ele.

Nos lembraremos então da grande comissão de Mateus 28. Ela diz: “Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28:18-20).

Aqui compreendemos que TODA a autoridade foi dada a Jesus, tanto no céu como na terra. Aquela ideia de que Deus opera apenas no céu e que essa terra foi entregue a satanás é uma inverdade. Quanto a questão de que este mundo jaz do maligno tem a ver com o sistema desse mundo. A criação em si é boa e não pode ter sido entregue a satanás. O que de fato está entregue a ele é o sistema. O sistema político, a educação, a arte e entretenimento, os negócios etc. A forma como se atua nessas áreas de influência é que de fato jaz do maligno. Mas, aprofundarei sobre esse tema mais para frente.

Agora, gostaria que prestássemos atenção a questão de fazer discípulos. Jesus não nos ordena que apenas anunciemos o evangelho com o batismo. A ordenança é de fazer discípulos de TODAS as nações. As pessoas estão sendo influenciadas de inúmeras maneiras, seja pelo mal ou seja pelo bem. Há pessoas sendo discipuladas tanto pelo mal quanto pelo bem. Qual a nossa parte nisso tudo? Nós, temos a parte que influenciamos fazendo discípulos para Cristo. Logo, eu aprendo que fazer discípulos não necessariamente está ligado a salvação. Discipular pode estar ligado diretamente ou não a salvação das pessoas. A salvação, ou seja, o aceitar a Cristo, se batizar e ter comunhão com a igreja é fundamental. O que menciono aqui não desmerece em nada a importância de pregarmos o evangelho para que pessoas sejam salvas, mas, estaríamos anunciando um evangelho do Reino incompleto. Este pensamento eu compactuo com Darrow Miller e Scott Alen. “Boas e más ideias tem o poder de transformar culturas”.

Pense o quão miserável seria se estivéssemos nessa terra vivendo uma vida para trabalhar, se sustentar e apenas aguardar que Cristo volte. Sem um propósito, um chamado para realizar algo. Nós fazemos parte deste plano celestial e cooperamos com o que Cristo ainda está fazendo. Eu fico muito animado com esta perspectiva. Veja só, assim como aqueles que receberam os talentos e aguardaram o seu senhor voltar e com a alegria de quem foi diligente com aquilo que estava a mão para fazer, assim me sinto. Como alguém que faz parte de uma obra importantíssima, com poderes para transformar toda a terra.

Um parâmetro que precisamos entender para avançarmos em direção a perspectiva do Reino de Deus é a questão da dicotomia Sagrado vs Secular.

Muitos se perguntam: Será que o evangelho não deveria influenciar a vida como um todo e ajudar a moldar a minha nação? Será que o evangelho não deveria impactar o mercado de trabalho, a minha profissão? Será que tenho mesmo que deixar meu emprego e tornar-me missionário para que a minha vida valha algo no Reino de Deus?

Em seu livro chamado Vocação: escreva sua assinatura no universo, Darrow Miller nos aponta algumas indagações que podemos fazer:

  • Será que não há nada na igreja além de prédios, reuniões e programações?
  • Como podemos levar nosso povo para fora do prédio e para dentro do mundo onde estão as necessidades e os necessitados?
  • Será que a igreja não deveria influenciar a sociedade?
  • Por que será que as famílias, comunidades e sociedades estão desmoronando quando existem tantos cristãos? Em nenhum outro momento histórico existiram mais cristãos, mais igrejas, e igrejas tão grandes quanto hoje, então, por que as sociedades estão fragmentadas?

Essas perguntas permearam minha vida por muito tempo e foi uma das questões que mais travaram o meu chamado e me confundiram. Eu fui liberto dessas amarras. Nós precisamos vivenciar essa libertação de saber que há algo mais e que todo trabalho é digno de glorificar a Deus.  Aquilo que fazemos, fazemos para que Cristo seja glorificado e o Seu Reino seja alcançado. Nós cooperamos com aquilo que Cristo está fazendo em todas as áreas de nossas vidas.

Essa separação em que nos faz ir para a igreja no domingo e esquecer de Deus na segunda, porque o nosso trabalho é apenas para entregarmos o dízimo e nos sustentar está totalmente errada. A realidade é que devemos viver o Reino na segunda, terça etc…e expressar isso em comunidade no domingo. É uma vida como um todo. Se assim não fosse, estaríamos desperdiçando a maior parte dos nossos dias em coisas que não dizem respeito ao Reino de Deus.

Essa dicotomia que prejudica o nosso entendimento sobre o Reino de Deus nos remete aos gregos. Eles faziam essa diferenciação muito bem, entretanto, para nós, não há evidências de que Deus fez essa separação. Pelo contrário, Ele domina e é Senhor de céu e terra. “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Romanos 11:36).

Agora, se está claro que há algo mais do que o que eu estou vivendo, que a minha vida diária faz parte desse plano celestial, eu consigo me movimentar em outras áreas fundamentais da sociedade em que fará com que o Reino de Deus seja expresso por intermédio daquilo que eu estou fazendo. João Calvino em A Verdadeira Vida Cristã diz o seguinte: “Se seguirmos fielmente nosso chamamento divino, receberemos o consolo de saber que não há trabalho insignificante ou nojento que não seja verdadeiramente respeitado e importante ante os olhos de Deus.”

Para uma compreensão mais apurada acerca dessas questões, o livro do Darrow Miller mencionado acima é a indicação. Não me aterei no aprofundamento deste argumento (sagrado vs secular), mas partirei dessa premissa para continuarmos nossa leitura a respeito do Reino de Deus, cultura e reforma.

Nós partimos do pressuposto que Jesus é o Rei que governa este reino. Sabemos também a partir da dicotomia entre sagrado e secular que não é assim na visão de Deus. Ele é o Senhor de tudo, da terra e do céu. Com isso, é importante pensarmos em como este Reino é definido. Ele é de agora ou ainda virá? Ele é algo espiritual ou é um reino físico?

Com relação a isso, George Eldon Ladd descreve que há algumas visões a respeito do Reino de Deus. Alguns, acreditam que o Reino de fato acontecerá quando jesus voltar e reinar em Jerusalém. Para outros, o Reino nada mais é do que uma perspectiva espiritual como a visão de Adolfvon Harnack e alguns outros aos quais “reduziram o Reino de Deus à esfera subjetiva e entendem-no em termos do espírito humano e seu relacionamento com Deus” (Ladd, 1959, p. 15). Ainda segundo Ladd, “C. H. Dodd, concebe o Reino como o absoluto, o “totalmente outro” que entrou no tempo e no espaço na pessoa de Jesus de Nazaré […] no outro extremo, estão aqueles que, como Albert Schweitzer, definem a mensagem de Jesus sobre o Reino como a esfera apocalíptica a ser inaugurada por um aio sobrenatural de Deus, quando a história cessa, e tem início uma nova ordem celestial de existência. O Reino de Deus não é, em nenhum sentido da palavra, uma realidade presente nem espiritual; mas uma realidade totalmente futura e sobrenatural”.

Ainda há outras visões, porém, para Ladd, precisamos compreender o reino de uma outra maneira. Ladd concorda que mesmo olhando para a palavra de Deus é possível encontrar “uma diversidade quase tão desnorteante de declarações sobre o Reino de Deus”. Porém, acredita que é preciso compreender como olhamos para o que é o Reino de Deus. Com a perspectiva moderna que temos, procuramos compreender o Reino como um lugar físico, um espaço, uma esfera em que o Rei exerce autoridade. Uma outra perspectiva que temos segundo Ladd é “o conjunto de súditos de uma monarquia”.

Na perspectiva de Ladd, “nós precisamos deixar de lado nossa linguagem moderna se quisermos entender a terminologia bíblica. Nesse ponto, o dicionário de Webster oferece uma pista quando apresenta como sua primeira definição de “reino”: “a posição, qualidade, estado, ou atribuições de um rei; autoridade real; domínio; monarquia; realeza. Há, então, duas palavras relacionadas a esta questão. No hebraico, malkuth, no grego, basileia. Estas palavras dizem respeito a “posição, autoridade e soberania exercida por um rei”.

Acredito que a visão de Ladd (1959, p. 20-21) é bem completa a este respeito, ele diz:

“Quando a palavra faz referência ao Reino de Deus, ela sempre se refere ao seu reinado, seu governo, sua soberania, e não à esfera em que é exercida. Salmo 103.19: “O Senhor estabeleceu o seu trono nos céus, e como rei domina sobre tudo o que existe.” O reino de Deus, seu malkuth, é seu governo universal, sua soberania sobre toda a terra. Salmo 145.11: “Eles anunciarão a glória do teu reino e falarão do teu poder”. No paralelismo da poesia hebraica, as duas linhas expressam a mesma verdade. O reino de Deus é o seu poder. Salmo 145.13: “O teu reino é reino eterno, e o teu domínio permanece de geração em geração.” A esfera do governo de Deus é o céu e a terra, mas esse versículo não faz nenhuma referência à permanência desse domínio. O governo de Deus é eterno. Daniel 2.37: “Tu, ó rei, és rei de reis. O Deus dos céus concedeu-te domínio, poder, força e glória”.

“Escreveu-se sobre Belsazar: “Deus contou os dias do teu reinado e determinou o seu fim” (Dn 5.26). Fica claro que é o domínio sobre o qual Belsazar governava que foi destruído. O reino e o povo babilônios não acabaram; foram transferidos a outro governador.”

“Uma referência em nossos evangelhos torna muito claro esse sentido. Lucas 19.11,12 afirma: “Estando eles a ouvi-lo, Jesus passou a contar-lhes uma parábola, porque estava perto de Jerusalém e (o povo pensava que o Reino de Deus ia se manifestar de imediato. Ele disse: ‘Um homem de nobre nascimento foi para uma terra distante para ser coroado rei e depois voltar”’. O homem nobre não foi embora para conseguir um reino, uma região sobre a qual governar. O reino sobre o qual queria governar estava próximo. O território sobre o qual deveria reinar era esse lugar que deixou. O problema era que ele não era rei. Ele precisava de autoridade, o direito de governar. Ele saiu para conseguir um “reino”, isto é, “ser coroado rei”, ter autoridade. Uma versão da Bíblia traduziu a palavra por “poder régio””.

Com isso, nós voltamos ao que já se mencionou a respeito de um plano celestial. A ideia é que não há um começo, meio e fim, não há aqui e lá, lugares, reis e autoridades diferentes. Há um plano que é eterno, com um rei que governa sobre tudo. O fato de Jesus voltar pela segunda vez e reinar em Jerusalém, não invalida o fato de que ele é um rei que está reinando nos dias de hoje. O conceito linear da cosmovisão bíblica está ligado a eternidade, é o que se chama de tempo sem fim.

Continuaremos aqui a tratar a respeito da visão de Mundo e Era, mas o faremos em um outro momento.

Passamos um pouco sobre os aspectos do que é o Reino de Deus. A seguir, trataremos a respeito de um fator importante no Reino de Deus, o conceito de Ekklesia.

O que entendemos sobre o tema Ekklesia:

Se quisermos ter uma perspectiva do Reino, nós precisamos entender o que de fato é a Ekklesia e qual a diferença que existe do que nós chamamos de igreja nos dias atuais.

A primeira vez que vemos a palavra “igreja” na bíblia é em Mateus 16:18. Infelizmente, a maioria das traduções da bíblia traduziram a palavra que no original de chama Ekklesia para igreja, ao invés de uma outra perspectiva. Talvez, William Tyndale tenha acertado em 1525 DC ao traduz o Novo Testamento do grego para o inglês usando a palavra “congregação” ao invés de igreja.

De forma geral, podemos dizer que Ekklesia é: uma assembleia do povo reunida no local público do conselho com o propósito de deliberar … a assembleia dos israelitas.

Quando nos prendemos ao conceito de igreja que temos hoje, podemos cair na armadilha de trabalhar em razão de edificar a estrutura ao invés de trabalhar para edificar o corpo. Aquilo para o qual os cinco ministérios de Efésios 4 nos chama, ou seja, direcionar a verdadeira Ecclesia para um alinhamento e amadurecimento para que estejam bem fundamentados e edificados em Cristo.

edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina” (Efésios 2:20).

Segundo o Greg Simas, Jesus nunca nos comissionou para sentar dentro das paredes dos edifícios e “fazer” a igreja, mas para nos envolvermos com a cultura como a Ekklesia. O Ekklesia foi criado para levar a revelação de Jesus Cristo através dos portões de Hades e para os lugares mais escuros da Terra.

Eu não vou me ater a destrinchar todos os aspectos relacionados a Ekklesia, pois é um conceito bem complexo e que demandaria muito tempo. O Dr. Don Lynch foi, sem dúvidas, uma autoridade no que diz respeito a Ekklesia e a como essa mudança de mentalidade pode nos direcionar ao Reino de Deus de forma mais madura.

Esse parâmetro que trago aqui é um fundamento importante que nos fará entender de forma mais clara nosso chamado aqui na terra. Não é apenas sobre frequentar uma igreja nos domingos, mas de sermos a igreja que muda e transforma a cultura.

E essa ideia de Ekklesia é capaz de nos fazer entender ainda mais sobre uma outra perspectiva que quero estabelecer com vocês: O plano celestial.

O Chamado requer que haja alguém que chame. Chamado está intimamente ligado ao significado de vocação. Uma definição de vocação para pensarmos é a seguinte:

“1. Entre os teólogos, um chamado pela vontade de Deus; ou a concessão da distinta graça de Deus sobre uma pessoa ou nação, pela qual a pessoa ou nação é posta no caminho da salvação; 2. Convocação; chamamento; encorajamento. 3. Designação ou destinação de um estado ou profissão em particular. 4. Emprego; chamado; ocupação; uma palavra que inclui profissões assim como ocupações mecânicas. Que cada teólogo, médico, advogado e mecânico sejam diligentes em sua vocação.” (Dictionary of the English Language).

Chamado vai além de uma perspectiva eclesiástica.

Então, mais uma vez eu me desvencilho daquela questão que chamado está ligado a “igreja”, a algo eclesiástico. Agora, eu consigo entender que eu posso edificar o corpo de Cristo em outros lugares, até porque o corpo de Cristo está ligado a Ekklesia e como não há mais essa questão do sagrado e secular, ou seja, é uma vida completa, logo eu posso cooperar com Cristo e o seu Reino.

Efésios 4:11

  • apóstolo
  • profeta
  • pastor
  • evangelista
  • mestre

Essas funções alinham, edificam o corpo de Cristo, independente do lugar, porém, por intermédio do seu chamado.

Deus nos equipa e nos chama para uma vida com ele e uma vida de trabalho. Trabalhamos com ele e para ele enquanto estamos aqui. Há algo poderoso na questão do tempo e espaço. Fomos designados para este tempo e lugar e é aqui, na nossa comunidade que Deus quer que nos movimentamos, seja no trabalho, na família etc. Cooperamos com ele para avançar o seu reino.

Acredito que a partir de agora tenhamos mais clareza em como essa questão funciona. Sabemos que o entendimento de Ekklesia nos leva além de algo fechado, nos leva a maturidade. Com isso, conseguimos compreender que fazemos parte de um plano celestial em que tudo é de Deus e faz parte de um plano maior e que agora, por intermédio dos dons, habilidades etc., eu coopero com ele.

Entretanto, o processo de adentrar no chamado não é automático.

Bem, há inúmeras questões que podemos falar sobre chamado. Cada pessoa tem passado por alguma experiência ou mesmo frustração em relação ao seu chamado, a sua vocação.

Para que tenhamos a capacidade de discernir o nosso chamado e viver a nossa vocação, precisamos estabelecer alguns parâmetros.

Eu acredito que estes parâmetros são necessários para que possamos nos alinhar aquilo que o Pai tem para nós. Se estivermos com o foco errado, caminharemos para o lugar errado e isso gerará frustração.

Isso me lembrou a conversa de Alice com o gato, lá no capítulo seis de Alice no País das Maravilhas, lembra?

“O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?”

“Isso depende muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato.

“Não me importo muito para onde…”, retrucou Alice.

“Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato.

Em Jeremias 29:11 diz:

Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês’, diz o Senhor, ‘planos de fazê-los prosperar e não de causar dano, planos de dar a vocês esperança e um futuro.”

Em João 14:16: “

E eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês outro Conselheiro para estar com vocês para sempre,

Em Provérbios 3:5-6, diz:

“Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.”

Então, é desses parâmetros que eu estou falando. São fundamentos necessários para conseguirmos entender melhor para onde estamos indo, qual a direção que estamos seguindo.

Seguimos a partir daqui com mais algumas anotações sobre o Reino de Deus.

Marcos 1:14,15 “Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.”

Se tivéssemos que resumir todo o ministério de Jesus em algo seria isso: Ele veio nas sinagogas, na Galileia pregando uma mensagem…: O tempo está cumprido; o Reino de Deus está próximo; Arrepender  e crer no evangelho.

Mateus 4:23 – “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo.”

Mateus 9:35 – “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades.”

Mateus 10:7 “e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus.”

A palavra pregai em Mateus 10:7 no original é kēryssō que significa:

I – para ser um arauto, para oficiar como um arauto
    A – proclamar à maneira de um arauto
    B – sempre com a sugestão de formalidade, gravidade e autoridade que deve ser ouvida e obedecida
II – publicar, proclamar abertamente: algo que foi feito
III – usado da proclamação pública do evangelho e assuntos pertinentes a ele, feitos por João Batista, por Jesus, pelos apóstolos e outros mestres cristãos.

Lucas 10:9 “Curai os enfermos que nela houver e anunciai-lhes: A vós outros está próximo o reino de Deus.”

É a urgência do evangelho. Anuncie o Reino de Deus!!!!

Atente para Isaias capítulo 9, verso 6 e 7:

“6. Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; 7. para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto.”

Veja que o que Isaias estava profetizando não estava relacionado com questões religiosas, mas governamental, de governo.

Ombros significa autoridade.

“para que aumente o seu governo” WOW!!!

Não é para aumentar nossas igrejas, não é para aumentar os programas de televisão, nossa visibilidade.

A medida do nosso sucesso é como o governo está indo….na nossa casa, no nosso trabalho, no nosso bairro, na sociedade, na cultura.

Como a nossa cultura se parece com o Reino de Deus.

Mateus 24:14: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim.”

“pregado”  aqui tem o mesmo significado que anteriormente (grego kēryssō)

A primeira mensagem que Jesus começa a pregar ocorre logo após a proclamação de João Batista de que o Reino estava próximo. Em Mateus 4:17 vemos:

  1. Ouvindo, porém, Jesus que João fora preso, retirou-se para a Galileia;
  2. e, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum, situada à beira-mar, nos confins de Zebulom e Naftali;
  3. para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías:
  4. Terra de Zebulom, terra de Naftali, caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios!
  5. O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz. (Isaias 9:6).
  6. Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.

O Reino não é uma teoria, mas poder, realidade.

Note que em Mateus 4:23 Jesus começa a pregar (anunciar) o evangelho do Reino e a curar.

Curar a sociedade é um papel do Reino. Não é teoria, é realidade!!

É com base então nessa perspectiva do que é o Reino de Deus que entendemos uma necessidade de reforma em nossa cultura.

Diante desses e muitos outros aspectos nos posicionamos com o Cultural R, que significa Reforma Cultural, ou em inglês, Cultural Reformation.

Deus te abençoe!

Para saber mais, entre em contato conosco pelo e-mail: oi@culturalr.com

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